quarta-feira, 19 de abril de 2023

Por onde andas?

 Eu fiquei dias esperando você aparecer. Toda noite dormia com a promessa de te ter pela manhã seguinte. Acordava e você não estava lá. Por onde andava? Tantos e tantos dias sem te ver. Cansei de esperar. Desisti. Pedi que voltasse. Você fazia promessas vazias e nunca estava. A gente era feliz junto. Eu amava ter você comigo. Mas você sumiu. Não estava mais nos lugares onde a gente gostava de ir. Não estava mais em casa. Por que você fez isso comigo? Foi a pandemia? Foi a rotina? Eu deixei de prestar atenção em você? O que eu posso fazer para você voltar pra mim de vez, meu ânimo?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Roupa de cama

 Era uma família estranha: não combinavam a fronha com o lençol.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Eu tentei. Fui tentando todo dia um pouquinho, cada vez mais, depois cada vez menos até que acabou. Fui além do que me era costumeiro quando eu aceitei sair com você a primeira vez. Por conta da pandemia e por atitudes antissociais antes dela, tinha tempo que não aceitava sair com alguém. Mas aceitei seu convite. Aceitei antes todas as mensagens que trocamos durante 03 meses de flerte, paquera, nude, bom dia, fotos de paisagem, você falando do vinho que tinha ido beber na casa da fulana. Eu já estava íntima antes de te olhar. E olhei com medo de também ser olhada. Acho que isso me manteve ligada durante o tempo que nos gostamos.

Eu tentei. Tentei demais. Superei o dia que você não pode falar comigo porque passou o dia assistindo o depoimento da doutora blogueira na CPI porque depois você ia escrever sobre esse momento. Era seu dia de plantão. Eu respeitei. Até assisti 5 minutos antes de achar tudo aquilo chato demais e para poder comentar algo no grupo do zap. Eu tentei mais do que podia, mais do que aceitava, mais do que achava normal na nossa convivência. Eu me apaixonei.

E eu tentei passar por tudo isso como se não fosse nada, como se fosse tudo, como se a vida acabasse na esquina a cada ida de máscara na padaria. A pandemia nos afastou e nos aproximou. É verdade que se a gente tivesse uma vida social normal, não tinha durado 2 meses. Eu enganava meus amigos dizendo que você era legal, que tinha uns papos muito cabeça e que em você eu encontrei meu centro. Balela. Todos os momentos que eu passei com você eu só queria que você se calasse e me comesse com vontade na mesa do home office, com a câmera ligada durante suas calls. Eu queria que você me exibisse. Mas você me aprisionou.

Eu tentei, mas acabou. Acabou o tesão, acabou o saco, acabou a vontade, a pandemia – acabou. Acabou nosso não-entrosamento, as viagens clandestinas de carro, os hotéis na beira da praia deserta, só a gente e seu livro de 487 páginas. Acabou. E acabou naquele momento que você palestrou sobre meus absorventes internos no meio ambiente enquanto enterrava sua menstruação no jardim do prédio. Fim definitivo.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Papo de mãe

Hoje a minha mãe, católica-apostólica-romana, mega carola, que frequenta a missa das 8:00 todos os domingos proferiu a seguinte frase:

 - Já troquei de lugar duas vezes pra não ter que dar Paz de Cristo pra vizinha do 401. Principalmente quando é aquele padre que manda abraçar em vez de apertar a mão. Agora vê se eu vou dar Paz de Cristo pra uma pessoa que não me dá nem bom dia no elevador do prédio?!

Significa...

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Resumo da vida

Resumo do que é estar resfriada durante uma crise de coluna: um espirro, uma pinçada no ciático...

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Mindfulness

             
              Uma vez eu fui num tarólogo que me disse que se eu tivesse investido nessa coisa de escrever no passado, eu teria sido muito feliz. Na verdade, nunca acreditei nessa coisa de escrever. nem de ser feliz. Não me lembro da última vez que eu não me preocupei se estava feliz, realizada, se a saúde estava bem, se o saldo bancário estava ok. Não me lembro da última vez que tive paz. 

               Agora estou tentando entender essa coisa de mindfulness, de atenção plena, de acertar as contas com o passado. Isso seria a glória. Centrar-se no presente, meditar. Não sei se essa galera tá entendendo que nem respirar direito eu consigo. Até pra puxar todo o ar e encher o peito e ir soltando aos poucos eu preciso de toda concentração do mundo. Não dá pra respirar ouvindo podcast sobre a crise na Coreia do Norte, sobre cinema, sobre a cotação do dólar. Respirar pensando no ex, na última foda com o ex, na última babaquice do ex, na última babaquice do último babaca que você teve que aturar na sua cama, às 4 da manhã. Mindfulness. 

              Nem na Yoga ainda eu tive coragem de ir, muito medo de pagar mico. Fui fazer uma saudação ao sol na varanda e quase enfartei tentando: olhar para o video das posições no IPad, fazer as posições, lembrar de respirar and ter a flexibilidade e  preparo físico para saudar o sol. Isso 6 da manhã. Mindfulness, how?!  Esse lance de conscientizar sobre o presente, as sensações, é bem interessante. Confesso que vai ser um exercício de paciência federal. Se eu conseguisse pelo menos ler os 3 parágrafos do site que fala sobre mindfulness, já teria ganho a primeira batalha. Telefone que toca, email que chega, alguém que fala, cachorro que late, elevador que chega fazendo barulho na máquina que é colada no meu apartamento, mensagem que chega. 03 parágrafos e eu ainda não entendi como funciona isso além de focar a atenção no presente. Mindfulness. 

               Tem que esvaziar a mente que nem quando se medita, Manuela. Gente, mas como se medita? Tem uma regra? Tem uma coisa que facilite essa coisa de esvaziar a mente? Coméqui faz? Tem como esvaziar a mente sem lembrar do mau atendimento da fisioterapia semanal da clínica onde aceitam o plano de saúde? Da amiga que mora longe e você não sabe quando vai encontrar de novo? Da amiga que mora perto, mas mesmo assim não consegue casar um dia de agendas livres para fazer alguma coisa juntas? Ou meditar é exatamente isso? Sair de toda questão que envolve as sensações do presente e levar a mente para algum lugar que a gente não consegue alcançar esticando o braço? Difícil. Difícil acabar o texto com uma mensagem positiva. Acho que vou apenas pegar o saco de acentuações da Língua Portuguesa e colocar um ponto final. Simples assim. Como deve ser para ser feliz.

domingo, 26 de março de 2017

Dia após dias

     Passo os dias deitada, lendo meu livro da Rita Lee e buscando coisas aleatórias na tv para assistir e ocupar meu tempo. Ignoro as mensagens das pessoas importantes da minha vida, esperando as suas, em vão. 

     Tento explicar às meninas que você não quer só me comer, mostro diálogos fúteis na mesa de bar para que alguém me dê um diagnóstico plausível sobre essa nossa situação e nada.

    Não penso em nada. Não quero nada. Não sinto nada. Sou neutra como o bife temperado com Fondor em pó antes de ir para a grelha, enquanto você só me cozinha...